Cidades Dobradas: memórias de meus dias

“Foi uma honra e um desafio revisar o livro de memórias de Rosa, que achei colossal.
É uma lufada de frescor e luz nesses tempos obscuros e inimagináveis. Sua prosa tem uma vitalidade que muitas vezes meu fôlego de leitora não conseguiu acompanhar, tendo eu que parar para respirar e assimilar, tal a riqueza de expressões, trocadilhos, elementos visuais, neologismos e referências históricas e culturais. Num texto assim tão peculiar e multifacetado, procurei não colocar a gramática como “fiscal” ou “polícia” da sua linguagem e liberdade de expressão. A regra se curva à inovação e à expressividade, e não o oposto. Deste modo, busquei intervir minimamente, até porque o texto original já é de excelente qualidade também no aspecto gramatical”.

Vera Lúcia Figueiredo Barbosa
Professora de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa

“Certa noite em Sevilla, ao longo do rio, vivenciamos um evento atmosférico ímpar que em instantes cobriu a cidade: um véu de névoa descia e tornava invisíveis as edificações. Em êxtase paramos diante da nuance de La Torre de Oro. Tornaram-se visíveis na superfície del Guadalquivir somente suas luzes desfocadas junto às iluminações de postes e pequenas janelas, refletidas na água.”

Rosa Cohen